Grafia

A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Pessoas, Formas de Estar...

Que foi uma pena que eu não tivesse andado com os meus estudos universitários para a frente. Se calhar foi, mas não penso muito nisso. O que ficou para trás faz parte do passado. Que não desprezo, mas pelo qual também não me sinto perseguida. Está lá, arrumadinho, visito-o quando sinto que devo, mas não amiúde.

Dou por mim a pensar nas pessoas com quem me relaciono, com as características individuais de cada uma, com as características familiares que construíram e nas quais fazem crescer os seus Filhos. Aqui, a riqueza do meu pensamento é enorme. Não porque eu seja um crânio, mas porque os relacionamentos que tenho e gosto de fomentar e preservar me rodeiam de personalidades díspares e de agregados familiares com sinais próprios muito diferentes também. Alguns mais próximos do meu, outros que em nada se parecem com o que tenho vindo a construir, mas todos eles muito importantes para mim, para a minha concepção de como é ser parte de uma comunidade, neste caso uma comunidade não organizada de Pais, Mães e Famílias.

E neste meu convívio (que gosto de manter e sem o qual não saberia viver) vou observando e sorrindo para dentro quando constato que aqueles que parecem ser os mais tradicionais e conservadores têm na sua história de vida e de Família passagens que outros, considerados mais modernos e avançados no tempo, consideram pouco passíveis de pôr em prática no seu quotidiano e organização familiar.

Não deixa de ser interessante. Afinal, o ser mais novo em idade, mais moderno no agir e no parecer, nem sempre é significado de uma maior abertura na educação dos Filhos. E isto não faz de uns melhores do que os outros. Na educação, na Família, ninguém tem o saber absoluto. Todo o saber é relativo e, numa mesma Família, o que funciona para uns é completamente inútil para outros. Tudo isto, faz de nós peças que se vão complementando e que nos fazem aprender uns com os outros num dia a dia de anseios, esperanças e desejos para Filhos que nos enchem os dias...

Leituras # [3]

Terminei a leitura deste livro. Tal como em Hotel Memória, também esta história de João Tordo nos conduz por caminhos sinuosos de ansiedades, relações humanas tortusosas, personagens densos (nunca chegamos, por exemplo, a saber o nome do nosso narrador). É um livro que nos invade e nos persegue, que não nos deixa indiferentes e onde livros e pessoas fazem parte de um destino nem sempre muito claro. É um livro que mistura as realidades sócio-culturais de dois países, Portugal e EUA (NY). Enquanto se vai desenrolando a história em terras lusas, o nosso narrador surge como um pilar em torno do qual tudo se move e acontece. Quando o pano de fundo se tranfere para a paisagem nova iorquina, o Eu da história não é mais do que um pequenino ponto que se move num espaço onde tudo e todos são muitos e grandes. O personagem fica diluído num cenário em que todas as preocupações e demandas que persegue, não têm o mesmo peso, o mesmo impacto, sem que a história perca o interesse, sem que o leitor se distraia do fio condutor que o continua a guiar.

Como as semelhanças com a escrita de Paul Auster são frequentemente mencionadas quando se fala sobre a escrita de João Tordo, vou lançar-me agora na leitura de Homem na Escuridão...

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Festa no Vekiki # [1]

A Máquina do meu Avô, há uns anitos...

A Vekiki pequenina e A Avó!

Hoje, para celebrar o Dia especial, evadi-me do meu Palácio. Com a chave grande no bolso e as portas pesadas, de madeira, fechadas, saí. Na minha charrete encantada, sem contar minutos, sem temer que a qualquer momento me visse sentada numa abóbora.

Comecei por entrar numa máquina do tempo e ir assistir a um torneio dum jogo que se joga entre dois (ou entre quatro) com raquetes e uma bola (verde alface!). O torneio foi rápido e transformou-se em algo mais prazeiroso para o meu gosto desmedido pelo lado social do ser humano. Sentada, em boa companhia feminina, de frente para um Sol que não se cansa de me aquecer, tal como não me canso do seu calor!

Este tempo enfeitiçado teve que terminar, porque nem todos, neste Mundo atribulado, podem manter-se em repouso durante todo um dia, mas outro tempo enfeitiçado se iniciou.

Desta vez, em cima do Mar. Tendo por elemento de união uma mesa. Pratos maravilhosamente apresentados. Conteúdos apetitosos e saborosos. Palavras entre nós três. Assuntos distantes dos que habitualmente nos reúnem. Pausa na condição de Mães e guardiãs do Templo. Palavras sobre isto. Aquilo. Aqueloutro. Maravilhosa pausa. Maravilhosa tarde.

A minha chave mágica do Palácio começava a dar sinal de que o tempo iria voltar ao ritmo normal...crianças (muitas!!!!), recolhas, TPC's, combinações de adolescentes em sexta feira à noite...regresso ao Palácio. Está tudo como quando saí, há oito horas atrás! Nada sentiu a minha falta!

Venho à minha caixa mágica de amizades e delicio-me com tanta visita. Com tantos presentes fantásticos embrulhados em palavras. De Amizade. De Incentivo. De Parabéns. Os meus Presentes preferidos - a Amizade e as Palavras escritas. De repente deixo de ter a minha idade actual e sinto-me aquela menina, pequenina, amparada por uma Avó embevecida. Ela está contente por esta minha Alegria. Eu também!

Obrigada a todos e a cada um de Vós!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Festa no Vekiki

Cheguei há um ano ao mundo dos blogues. Na altura, criado com um objectivo, foi uma animação de duas pessoas - Eu e a minha Filha crescida.

Só que o projecto para o qual inicialmente criámos o Vekiki acabou por não se conseguir concretizar por manifesta falta de tempo de cada uma de nós para lhe dedicar, mas o blogue não podia morrer...

No fundo, acho que foi o Cosmos que quis que este espaço aparecesse na minha vida. Desde pequena que palavras, livros, caneta, lápis e papel foram meus companheiros de eleição. Durante o tempo que o limite de idade permitiu, o DN Jovem foi mesageiro das minhas palavras. Depois, passaram a fazer parte só de mim, da minha cabeça que as ouve todo o dia.

Gosto de escrever, mas não de escrever para a gaveta. A gaveta não me corrige, não me critica, não me diz o que hei-de mudar ou manter e, por isso, os meus múltiplos cadernos raramente deixam de estar em branco. Escrever para mim, não é uma actividade que me agrade.

Podem chamar-me narcisista, mas gosto de escrever para ser lida. Gosto de "escutar" as opiniões sobre o que escrevo, sejam elas boas ou más. São sempre construtivas no meu processo de crescimento enquanto "escrevinhadora". E aqui, neste enorme caderno, onde todos têm as suas páginas, encontrei isso.

Faz hoje um ano que comecei. Tornou-se um hábito, às vezes um vício. Mas que sabe tão bem! Escrevo uma, duas, as vezes que me dá na telha. Sou comentada ou não, mas sei que sou lida.

Gosto de publicar passagens do que gosto de ler e vou lendo à medida que o tempo me permite. Pelo que lemos também nos fazemos conhecer e também criamos laços. E os laços são outra das vertentes que a minha vida não dispensa. As pessoas apaixonam-me e eu gosto de me apaixonar.

Já conheci algumas das pessoas que me comentam e que também usam este caderno gigante para comunicar. Outras hei-de conhecer. O importante é que não me faltem as palavras para que este espeaço seja sempre um prazer, para mim e para os que vêm. O importante é que, com a ajuda dos comentários que me são deixados, a minha escrita evolua. Se vá aperfeiçoando e tornando mais sólida.

Para todos, obrigada. Pelo número de visitas que conquistei neste ano. Pelo número de comentários. São eles que me incentivam, todos os dias, a fazer uma das coisas que mais gosto - ESCREVER.

"O Coração é uma praia", # [1]

Peguem na frase que melhor vos definir,
(ou que vos "toque" mais)
de todas as que publiquei no post anterior,
e levem-na para os vossos blogues!

É como se fosse um selo/prémio,
porque, para mim,
não há melhor presente
do que
palavras.

"O Coração é uma praia",

provérbio macua citado pelo velho Celestiano, in Mar me Quer, Mia Couto

"Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que a doença: é preciso entrar e sair dela.", in Mar me Quer, Mia Couto

"Hoje sei como se mede a verdadeira idade: vamos ficando velhos quando não fazemos novos amigos. Estamos morrendo a partir do momento em que não mais nos apaixonamos.", in Mar me Quer, Mia Couto

"Saudades, em mim, nunca têm pressa. Demoram tanto que nunca chegam.", in Mar me Quer, Mia Couto

"[...]Devia era, logo de manhã, passar um sonho pelo rosto. É isso que impede o tempo e atrasa a ruga.[...]", in Mar me Quer, Mia Couto

"Nessa tarde, eu me varandeava, olhando o oceano. Não é que eu olhasse aquele todo azul. O mar levava era os meus sonhos a passear. E eu ficava cego para lembranças, sempre recém-nascente.[...]eu era o próprio silêncio, embalado a Índico.", in Mar me Quer, Mia Couto

"Que trazemos oceanos circulando dentro de nós? Que há viagens que temos que fazer só no íntimo de nós?", in Mar me Quer, Mia Couto

"[...]Mas não quero morrer num só lugar. Não posso acabar todo inteiro num único lugar. Já tenho os sítios onde irei morrer, um bocadinho em cada um.", in Mar me Quer, Mia Couto

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Siglas e seus significados

Ontem, ao jantar:

- O que será que quer dizer AMFrutas?

Silêncio

- Se calhar quer dizer Aceitamos Muita Fruta... explicou o M.M.3.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Sons


A música instala-se na casa.

Entre as paredes, no meio de nós.

Enche os espaços que o Sol abandonou.

Projecta em nós sombras de sons que nos encantam.

E aquece-nos...

Sombras&Melancolias

Daqui

E o Sol vai cumprindo o seu caminho.
Vai deixando de aquecer e no seu caminho para outras paragens deixa rastos que apenas vemos em frinchas de portas ou de janelas.
A casa vai perdendo a luz e as sombras desfazem-se.
Fica o rasto de um dia vivido...
E a melancolia do anoitecer. De ver o Sol a cumprir o seu caminho...

Embalos&Sombras

Daqui

A luz entra pelas janelas, de vidros grandes e despidos de cortinas.
Invade a casa de Sol, de quente.
Nas paredes e no chão projectam-se as sombras.
Dos móveis que nos aconchegam espaços e nos relembram outras vidas, séculos atrás.
E nós, embalados pela quentura de um Sol aquecido por vidros grandes e despidos de cortinas, sentimo-nos protegidos.
Dentro de uma concha que o mar nunca irá fazer rolar pela areia.
Dentro de uma barriga colectiva, de uma Mãe de todos nós.
Em calma...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Índia




No dia em que a Índia está nas páginas de todos os jornais e em todos os noticiários pelos Oscares arrecadados pelo filme, deixo estas imagens captadas pela máquina fotográfica de uma sobrinha que está por lá. E que está a adorar!

Yes !!!!!

Já saíram duas caixas da minha série preferida!!! Quem quiser, pode oferecer-me!!!

Oh...

cheguei e vi que tinha perdido três seguidores...fiquei triste por me terem abandonado...o que é que eu fiz?

Não consegui resistir...

...tive mesmo que ir. Deixei a minha tábua na cozinha e fui num instante lá abaixo ver as outras. As que deslizam por cima das ondas até à praia. As que deslizam areia fora até às ondas. Foi só uma horinha de "balda" mas soube-me tão bem e não foi tempo perdido. Vi tudo. O Filho nº 2 a surfar na sua tábua nova e os Amigos a skimarem, em grande estilo. Tudo numa boa :-)

O Magalhães e Nós

O M.M.3 recebeu o Magalhães na passada quinta feira. Hesitámos um bocado antes de decidirmos que o iríamos encomendar, por razões que se prendem com a dependência do écran, com o abandono das páginas escritas, com a permanência em casa, imóvel.

Acabámos por o encomendar, sem termos contratado a ligação Internet.

O Magalhães chegou e foi a mim que coube a tarefa de o ligar, de o configurar. Tenho a dizer que o considero um projecto interessante, pelos programas que já traz instalados e pela ferramenta que é e que pode vir a ser se as salas de aula e as instalações eléctricas das escolas conseguirem suportar a carga que representará todos estes "mini portáteis" ligados e em funcionamento.

A Internet vem "protegida", ou seja, o acesso ao mundo virtual vem cortado e só alguns sites disponíveis. Como é próprio, houve logo vozes que se insurgiram contra esta limitação "como é que os miúdos vão fazer pesquisas se nem sequer têm google?", não se tendo sequer dado ao trabalho de ler as instruções que vêm com o computador. Verdade que nem todos trazem o Manual de Controle Parental, mas também verdade que em todos (pelo menos, penso que sim!) vem um Manual de Instruções em .pdf. A partir deste Manual, seja o de papel ou o .pdf, os Pais poderão configurar o acesso a outros sites e é isso que iremos fazer para que o acesso ao Bloguinho seja possível.

O projecto curricular de turma do M.M.3 consiste na manutenção de um blogue que a Professora criou e que vai sendo alimentado com textos escritos pelos Alunos, fotografias e trabalhos. Enquanto nem todos os Meninos da sala têm o seu Magalhães, os que já o têm vão ter um dia fixo para o levarem de forma a que haja um por grupo de trabalho e, assim, possam trabalhar os seus temas de estudo e possam escrever os textos para o bloguinho.

Resumindo, a minha nota para este projecto tecnológico do Governo e do Ministério da Educação é positiva.

Xutos e Pontapés, 30 Anos

Os Xutos comemoram este ano 30 anos de carreira.

Hoje apeteceu-me recordá-los na Casinha. O som desta música leva-me a um passado muito bom. Ao tempo durante o qual frequentei um Curso Profissional, em Lisboa, que me fez conhecer pessoas que nunca esquecerei, a pessoa que considero a minha melhor Amiga. Ao tempo em que organizámos uma viagem à Figueira da Foz e em que cantámos esta música aos berros e dançámos até não podermos mais.

Parabéns aos Xutos! Saudades deste tempo, em 80 e tal...

domingo, 22 de fevereiro de 2009

À Mesa conhecem-se as Pessoas

Eu e a minha máquina, hoje, cá em casa

Com uma toalha vinda directamente do Brasil, gastronomia tipicamente portuguesa e dez pessoas à mesa tivemos um belo almoço de Família que se foi prolongando pela tarde fora e que acabou na molenguice de fim de dia própria de dias de férias...

E eu fiquei com a alma um bocadinho mais reconfortada :)

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Vôo

Daqui

Há uma gaiola que impede as minhas asas de se abrirem.

Há uma porta que se abre.

Há asas que se agitam na impaciência de voar.

Há paredes que bloqueiam o vôo.

Há uma gaiola aberta...

...onde entro...

...e uma porta que volta a fechar-se...

...e um sonho de voar...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

É Carnaval ninguém leva a mal...

se eu disser que não gosto de Carnaval!

Hoje estou assim...gira!

Eu e a minha Máquina,
hoje,
em frente ao espelho

Gosto de chapéus. Independentemente da sua função principal, proteger do Sol, proteger da humidade, os chapéus são um acessório que dão "estilo". Há uns dois anos, no verão, antes de ir para o Algarve, comprei um montinho deles numa loja chinesa, ao preço da chuva...nunca os usei. A confusão na altura de fazer as malas para ir de férias é sempre tanta cá em casa, que os chapéus acabaram por ficar esquecidos. E nunca foram usados.

Hoje, para aliviar o stress do final do dia de ontem, decidi ir até ao Sol e ao Mar antes de iniciar as lides domésticas. A indecisão de sempre "o que visto, o que não visto, que relógio, que colar,...coisas de loiras...", optei por um estilo country e lembrei-me dos ditos chapéus.

E não é que fiquei mesmo gira?

Balada para os nossos Filhos

Um filho é como um ramo despontado
do tronco já maduro que sou eu
um filho é como um pássaro deitado
no ninho da mulher que me escolheu
Um filho é ver-se um homem prolongado
no mundo da verdade em que nasceu
um filho é ver-se um homem atirado
das raízes da terra para o céu
Meu filho minha vida és meu sangue e meu caminho
meu pássaro de carne meu amor
meu filho que nasceste do ventre do carinho
da minha companheira que deu flor
João é um botão de cravo rubro
Joana é uma rosa cor de Abril
dois filhos que eu embalo
e que descubro
que sendo só dois podem ser mil
Dois filhos do amor e da ternura
que sendo de todos não são de nenhum
e não há no mundo coisa mais pura
que a gente amar em todos cada um
Meu filho minha vida és meu sangue e meu caminho
meu pássaro de carne meu amor
meu filho que nasceste do ventre do carinho
da minha companheira que deu flor

Palavras maravilhosas de José Carlos Ary dos Santos,
para a voz inconfundível de Fernando Tordo

Sei que este post vai ficar enorme e poderá perder alguma da sua força, mas não posso deixar de dizer porque publiquei, hoje, este poema.
Esta canção é daquelas que faz parte da minha vida. Dum passado onde se concentraram momentos muito bons, muito musicais, muito de manifestações de rua, de intervenção. Esta canção fazia parte das que cantávamos com muito prazer. Sempre a achei linda e, agora, Mãe de quatro filhos, não posso deixar de a considerar ainda mais bonita. Publico-a hoje para a dar a conhecer à Kat. Espero que ela goste. Tenho pena de não a ter encontrado com a respectiva música e voz no YouTube. Ficam as palavras.

Mãe em Desespero precisa Part-Time


Quinta feira, 19 de Fevereiro. Um dia "daqueles"! Em que quando cheguei ao final do dia só me apetecia meter-me num meio de transporte qualquer que me levasse para bem longe. Escolas, Professores, Alunos, Filhos e afins...assuntos sobre os quais gostava de não falar nem ouvir falar durante uns tempos. Estou exausta. Se alguém souber de um part-time ao qual me possa candidatar para descansar a cabeça durante umas horas do dia, diga! Por favor! Antes que este blog acabe a ser escrito num qualquer hospital psiquiátrico do nosso país...

Simplicidade

Daqui

Há momentos em que por mais que nos concentremos na luz que nos banha corpo e alma, o preto e o branco são as únicas cores que conseguimos distinguir em tudo o que nos rodeia. São elas que nos guiam e com a sua simplicidade nos indicam qual o caminho a seguir. Apagam as cores do mundo para que não nos distraiam e nós, espectadores de mil cores, paramos. Respiramos fundo e quase sufocamos perante a beleza. Dum singelo preto e branco.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Daqui te Vejo # [1], Lorca, para ti


Eu e a minha Máquina,

FILArte, Novembro 2008

Sim, por vezes sou distraída. Não é uma questão de distracção genética, daquela de fazer disparates por mera falta de atenção, é uma distracção própria da pressa em que vivo, em que me faço viver. É bom saber que existem pessoas na minha vida que me alertam para pequenos sinais que deixo escapar...


PRANTO POR INÁCIO SANCHEZ MEJÍAS, 1935, Federico Garcia Lorca

1 . A CAPTURA E A MORTE

Eram cinco horas da tarde.

Eram cinco da tarde em ponto.

Um menino trouxe o lençol branco

às cinco horas da tarde.

Um cesto de cal já prevenida

às cinco horas da tarde.

O mais era morte e somente morte,

às cinco horas da tarde.

O vento arrebatou os algodões,

às cinco horas da tarde.

E o óxido semeou cristal e níquel

às cinco horas da tarde.

Já pelejam a pomba e o leopardo,

às cinco horas da tarde.

E uma coxa por um chifre destruída

às cinco horas da tarde.

Os sons já começaram do bordão

às cinco horas da tarde.

As campanas de arsênico e a fumaça

às cinco horas da tarde.

Pelas esquinas grupos de silêncio

às cinco horas da tarde.

E touro todo coração ao alto

às cinco horas da tarde.

Quando o suor de neve foi chegando

às cinco horas da tarde,

quando a praça se cobriu de iodo

às cinco horas da tarde,

a morte botou ovos na ferida

às cinco horas da tarde.

Às cinco horas da tarde.

Às cinco em ponto da tarde.

Um ataúde com rodas é a cama

às cinco horas da tarde.

Ossos e flautas soam em seus ouvidos

às cinco horas da tarde.

O touro já mugia por sua frente

às cinco horas da tarde.

O quarto se irisava de agonia

às cinco horas da tarde.

A gangrena de longe já se acerca

às cinco horas da tarde.

Trompa de lis pelas virilhas verdes

às cinco horas da tarde.

As feridas queimavam como sóis

às cinco horas da tarde,

e as pessoas quebravam as janelas

às cinco horas da tarde.

Às cinco horas da tarde.

AI QUE TERRÍVEIS CINCO HORAS DA TARDE!

ERAM AS CINCO EM TODOS OS RELÓGIOS!

ERAM AS CINCO HORAS DA TARDE EM SOMBRA!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Sei de onde vêm as minhas manias quando...



- O teu Pai está tão queimado que vestiu um blusão castanho para ir à rua e não se percebe onde acaba a cara e onde começa o blusão! [conversa ao telefone com a minha Mãe, acabadinhos de chegar de 15 dias no Recife] Agora foi para a rua, todo contente e vaidoso! Fazer a ronda pelas lojas das redondezas!

E não é que eu sou igual a Ele? Quando consigo começar a ficar bronzeada (geralmente bem antes de toda a gente), adoro andar por aí a pavonear-me nas minhas boas cores!

Quem sai aos seus, não degenera!

Adrenalina



Sou provocadora. Já fui mais. A idade e a "sabedoria adquirida" foram-me ensinando que há provocações que não dão prazer, há riscos que se forem pisados não me trarão mais do que aborrecimentos.

Mesmo assim, gosto de arriscar. Gosto de sentir que estou a passar para o outro lado. Que estou a espicaçar rotinas, hábitos instituídos, atitudes socialmente correctas. Gosto de provocar a alteração, porque eu gosto de mudança. O que está sempre igual, sempre certinho, assusta-me. Na minha vida tem que haver agitação para que me sinta a viver.

Porque sim!

Pensamento Estúpido # 7

Hoje preciso de uma âncora que me prenda a terra firme. Este Sol põe-me a "pairar" e estou com medo de levantar voo e só parar na praia mais próxima...

PS - Não está vento! Eu é que fico Tão leve quando há Sol, que se não me prendo ao chão, voo com a maior facilidade até ao Mar que está mesmo aqui ao pé!

Sei que estou a fazer bem o meu trabalho quando...# [4]


- Mãe, dá-me a tua mão e fecha os olhos...
- Oh M.M.3...detesto andar de olhos fechados...
- Vá lá Mãe...não podes abrir...

Fiz-lhe a vontade. Fechei os olhos e dei-lhe a mão. (é tão bom, segurar aquela mão pequenina e sentir que é ela que nos guia...apesar de não gostar de andar de olhos fechados!) Seguimos, corredor fora, até ao quarto dele.

- Pronto, já podes abrir!

A cama feita! Abracei-o com tanta força. Dei-lhe um beijinho tão bom. 7 anos...

A M O R

Andava eu com a minha cabeça à voltas para encontrar as palavras certas para uma imagem que escolhi para postar...decidi ir ver os mails, responder aos que careciam de resposta, deitar fora aqueles que só chegam para encher a caixa e guardar os que me "enchem as medidas", quando cheguei a este.

Foi a Belita que mo enviou. Maravilhosos desenhos, história e música.

Porque é assim que o Amor deve ser ;)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Interessante ;-)

Daqui
Esta noite o meu sono foi duas vezes invadido por "Interesting" People.

Não percebo o que quererá dizer esta invasão...será que tenho que adicionar isto à minha lista de sonhos? Se tivesse "analista" (como dizem os brasileiros), conversaria sobre esta invasão Interessante das minhas horas de sono, como não tenho...falo sozinha!

(Des)Vantagens

de se ter a mesma operadora de telemóvel que os Filhos - há dias em que já não aguento o aviso de sms's a chegarem...e ainda só é uma da tarde...

Labirintos

Daqui

Não te zangues...falo com a minha imagem no espelho.
Olho-me, Não me olhes como se o meu juízo estivesse por um fio.
Os meus fios estão perdidos. Soltei-os no meio dum labirinto. Entro, troco as entradas na esperança de encontrar a que me levará ao sítio certo, nada resulta e desespero. Procuro. Revolvo. Volto ao princípio. Não consigo!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Partir

Daqui


Porque está Sol...

Porque o Mar me chama...

Porque é mesmo o que me está a apetecer...

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Leituras # [2]

As três 3vidas é a minha leitura dos próximos tempos. Porque não posso andar sem páginas e palavras atrás de mim. Porque sem elas a minha cabeça não funciona bem.

Leituras # [1]

Terminei O Jogo do Anjo. Um livro onde as almas e os destinos se cruzam. Onde personagens e fantasia nos transportam para um enredo fantástico. Uma história onde os livros ganham vida e tomam conta das vidas daqueles com quem se cruzam.

Gostava de deixar aqui registado um pequeno "senão" relativo à tradução. Por hábito, leio com um lápis na mão. Vou sublinhando frases que me despertam a atenção, escrevendo notas à margem. A Kat, que sabe desta minha mania, disse-me que anotasse as vezes em que aparece o verbo Assomar. Pois bem, este verbo é utilizado 32 vezes, sendo que há páginas em que aparece mais do que uma vez.

Quem me disse que A Sombra do Vento é melhor terá que me perdoar por não concordar. Gostei bastante dos dois.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

F E S T A

Nos meus sonhos...

... existem quatro Filhos a crescer Felizes;

... existe a capa de um livro onde o meu nome estará escrito;

... existe uma casa, térrea, branca, de ricas azul forte, nas janelas e na porta, no Alentejo litoral;

... existe uma viagem a Moçambique e outra a NY;

... existe o fazer algo por aqueles que precisam;

... existem dias de puro "dolce far niente";

... existe atenção, cuidado, carinho e enamoramento;

... existem sonhos!

Daqui

tirei a imagem que ilustra a Resposta ao Desafio que me foi proposto pela Filoxera, há uns dias atrás!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Mau Feitio em véspera "daquele" dia...

Daqui

Sabes,

dizem que amanhã é "aquele" dia...

Em que é suposto as pessoas namorarem,

oferecerem pequenos mimos,

Irem ao cinema ver um filme daqueles cheios de beijinhos,

Irem jantar fora, à luz das velas, de preferência,

Criarem um ambiente bem propício,

Para depois se darem muitos beijinhos,

e abracinhos,

e outras coisas...

Sabes, isto é como tudo, mas eu preferia ter namoro, mimos, filmes, jantares românticos, beijinhos e abracinhos sem data marcada! De preferência, de surpresa!

Sei que estou a fazer bem o meu trabalho quando...# [3]





Ontem, ao sentarmo-nos à mesa para jantar, tínhamos, todos, este embrulhinho junto ao copo.

"O que é isto Kiki?" (M.M.1)
"É uma surpresa! Só podem abrir à sobremesa :)"

De dentro de cada embrulhinho, saíu um chocolate. Ela também ouviu os "senhores" da Comercial dizerem que era o dia do chocolate e decidiu fazer este mimo/surpresa a cada um de nós!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009


O que és capaz de fazer por mim?

Solidão povoada

Eu e a minha Máquina, Fevereiro 2009
Maria Helena Vieira da Silva, Le Còrtege, 1934
Museu Colecção Berardo, De Vieira da Silva a Torres Garcia

Recordo. Não muito claramente, mas recordo. O tempo em que não gostava de ficar só. De estar só. Em que pensava que não conseguiria sobreviver e que não saberia o que fazer com o silêncio e a solidão em que ficava.

Dou por mim a desejar a solidão e o silêncio. A desejar não ter que partilhar palavras que quero só minhas. A desejar poder não estar, porque estar é violento, é algo que me imponho. E no não estar, viajo.

Atravesso o silêncio murmurado do oceano e entrego-me. Ao seu azul feito de reflexos do céu. Ao seu branco da espuma das ondas. Ao seu azul escuro das manchas das rochas. E alcanço.

Alcanço o Universo das gentes e das palavras. Por onde, por todo o lado, me rodeiam vozes, corpos, caras, pessoas. Não páram. Andam. Correm. E dão voz. Vozes.

À minha solidão desejada, a de estar só sem perder o som das palavras de outros. Sem perder de vista pessoas.

Que me povoam a solidão...

Post escrito de frente para o Mar. Com o Sol a aquecer corpo e alma. Com o Mar a tocar a música de fundo.

Continuação da Tentação...

Por vezes penso que tenho poderes sobrenaturais.
Ontem quando me sentei aqui para escrever estava inundada do cheiro do bolo de chocolate que no forno ia crescendo e perfumando a casa. Saíu o post que se leu...

Agora, na Comercial, disseram que não nos esquecessemos de que hoje é o Dia do Chocolate...olha, podia ter agendado o post e fazê-lo sair à meia-noite. Hum...e agora? Bem, vou à procura de uma bela imagem do doce mais apreciado do Mundo e vou fazer um texto informativo.

E pronto! Fica, aqui, à vossa disposição uma caixinha de bombons. Cada um tem direito a um. Passem pela cozinha e bebam também um bocadinho de chá! Dizem que a bebida quente a seguir a uma refeição calórica ajuda a dissolver as gorduras e a eliminá-las mais facilmente.

Bom Dia do Chocolate :)


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Odor e Sabor

Trouxe-a daqui

Fiz bolo de chocolate. Aquele que gostas de provar enquanto ainda o estou a bater. Saíu-me tão bem desta vez. Cresceu e está com um aspecto fofo e suculento. Se queres que te diga nem sei porque o fiz. Não é dia de festa e não me parece que vá ter visitas. Ultimamente não tem aparecido ninguém. Estava aborrecida e decidi refugiar-me no barulho da batedeira de bolos. Estava tão aborrecida que nem conseguia decidir qual o bolo a fazer. Sabia que me apetecia bater ovos, juntar-lhes açúcar e ficar a observar aquele creme esbranquiçado que se forma na batedeira, mas não conseguia decidir. Corri o meu livrinho preferido mais do que uma vez. Cheguei a fechá-lo e quase desistir da ideia de "baking".

Depois lembrei-me de ti. Apareceram-me os teus olhos reflectidos na minha memória. O teu cabelo despenteado, a tua maneira de andar, gingada, sensual, a forma de afastar o cabelo dos olhos, como um miúdo pequeno com a franja grande demais. O teu cheiro, misturado com o do chocolate, uma tentação de cheiros para o meu nariz, para o meu Eu. Quase real, quase ao pé de mim, na cozinha.

Sim, vou fazer o Bolo de Chocolate. Vou deixar que meta o dedo na massa, que rape a tigela e se lambuze todo. Vou abraçá-lo a seguir. Apertá-lo. Beijá-lo e saborear o paladar do chocolate que ficou na boca.

Sei que não vais voltar e que nem o cheiro do Bolo de Chocolate te trará de volta, mas sonhar é algo que faço bem e nos sonhos tu voltas sempre.

Ponho a mesa, a rigor, na cozinha. Para que possamos defrutar do cheiro maravilhoso, do quente do forno, da intimidade do espaço.

Na realidade, esta mesa é só para um. Para mim. Chá. Bolo de Chocolate. Maravilhoso odor espalhado pela casa. E eu, sentada a esta mesa, com a recordação de ti, a conversar sobre nós.

Ú L T I M A H O R A

Se este chegou e não nos vai abandonar até sábado, como dizem os Senhores que percebem de tempo, tenho que arregaçar as mangas e deitar mãos à limpeza do meu terraço. Varrer, limpar, montar a espreguiçadeira e aproveitar as próximas manhãs ... não, não vos estou a fazer inveja, é só um aviso que estou a fazer a mim mesma!!!

Paulo Kellerman # [1]

Girl Sleeping, 1935, Tamara de Lempicka (1898-1980)



"[...]Olho o teu rosto. E tento não pensar, não sentir, não desejar; apenas saciar-me de ti, amar-te através da contemplação; partilhar da tua beleza, da tua tranquilidade, da tua paz. Respiras devagarinho, não te moves; e o tempo passa por ti, esvai-se, indiferente aos ruídos, aos soluços do mundo. Estamos sós, juntos por um momento que não vai durar o suficiente. Procuro na tua face os pequenos segredos que descobri, um dia, noutra vida, que fui aprendendo a amar; e encontro-os, um a um, intactos: à minha espera.[...]", Paulo Kellerman, Gastar Palavras, Estórias, Morreste: e ainda não sabes, (interpretação do quadro acima reproduzido).

Já chegou! Fui buscá-lo agora a correr. São treze contos em sessenta e sete páginas. Coisa para se ler numa manhã/tarde de descanso. Se este Sol estiver por cá amanhã...

Sitemeter


Analiso os dados que esta ferramenta me disponibiliza e chego à conclusão de que ninguém vem aqui parar por acaso. Não encontro pesquisas estranhas no Google como acontece com outros bloggers. Vou a caminho da comemoração do 1º ano do Vekiki e descubro que tenho leitores de todos os sítios de Portugal, dois nos EUA, Inglaterra, Holanda, Alemanha e Brasil. Divirto-me com estas revelações acerca de quem me espreita. Ou lê. Ou admira. (Ou não gosta, mas vem só para poder dizer mal!). Vejo a minha página de comentários e sorrio quando constato que é raro o post que não tem pelo menos um comentário.

E penso que gostava de conhecer todos, um por um, os que contribuem para o aumento do meu número de visitantes!

Estado de Graça



Eis que o Sol voltou. Brilhante, sedoso, quente e reconfortante. Abro as janelas de par em par e deixo-o entrar. Invadir espaços e cantos. Móveis e recantos. Não quero saber se é tão forte que há-de comer a cor de tudo onde assenta os seus raios luminosos. Só me interessa saber que voltou e que tinha saudades minhas, tal como eu as tinha dele. Vou sair para a rua. Direita ao nosso ponto de encontro. Vê-lo brilhar por cima da água, vesti-la de luz e fazê-la sorrir. E eu vou sorrir também. E inspirar...e inspirar-me.

Paulo Kellerman

Deriva Editores

Descobri este livrinho, pequenino, apetitoso de aspecto e no que li rapidamente, na loja do Museu Colecção Berardo. Encomendei-o directamente à Editora e estou ansiosa por o ter comigo. Prometo que deixarei aqui umas linhas para vos abrir o apetite!

Enquanto espero, vou devorando O Jogo do Anjo...

Irmãos e Irmãs


É a minha série preferida. Já aqui o disse. As terças feiras páram enquanto me sento a "viver" a vida dos Walker. E enquanto os vejo, como Irmãos, como Mãe e Filhos, transporto algumas atitudes e estados para o lado de cá do écran. Porque é assim que quero ver os meus Filhos quando forem crescidos. Porque é aquela Mãe que quero ser quando eles forem crescidos, "galinha", a vê-los como se continuassem pequenos, mas a ser o ponto de encontro de todos, sempre. É esta relação que trabalho com os meus Filhos. Não a dependência, mas a certeza de um porto seguro onde têm sempre abrigo, haja sol ou tempestade.

...e adoro a relação Kevin-Scotty...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Trabalhos Manuais

Imagem criada pela C. e seus Colegas de Grupo em Área Projecto


Escrevo. Acaricio. Seguro. Cozinho. Engomo. Limpo. As minhas mãos são a ferramenta que me é indispensável, sem a qual a minha vida não existiria.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Confesso # [3]

...que não ando no meu melhor. A chuva e o tempo cinzento que este Inverno nos tem oferecido andam a dar-me conta da cabeça. As ideias que aparecem não são dignas dese nome. Da cabeça para o teclado não sai nada digno de grande menção. Olho-me no espelho e já me vejo da cor do tempo que faz lá fora - cinzenta. Por mais que me cubra de cores no vestuário e acessórios coloridos, a sensação de cinzento não me abandona. O cabelo não consegue passar do estado "encrespado", mesmo quando o seco com todo o amor e carinho e o escovo para que se alise. Como se isto não bastasse, só penso em comida...a toda a hora. Não como, mas penso em comer...Olho-me no espelho e não gosto do que vejo...hoje olhei para a balança e não gostei do que vi...prometi-me que não me posso deixar abalar pelo mau tempo. Vamos lá ver se consigo...não está nada fácil!

Interrogações em frente ao vidro


Eu e a minha Máquina, CCB, Museu Colecção Berardo

de Vieira da Silva a Torres Garcia

La Supplication, sem data, Vieira da Silva

Caminho a direito e vejo e apreendo o que me rodeia? Ou apenas me desloco, pé à frente, pé atrás, numa marcha regular e impensada? Sigo um caminho. Será o meu ou apenas o que me foi posto diante dos olhos? Poderei eu continuar este caminho ou terei que desviar a rota? Se me desviar, para onde irei? Serei suficientemente forte para o palmilhar? Verei eu o Mundo da melhor forma ao vê-lo assim? Como se estivesse pendurada pelos pés, vejo tudo mas de forma invertida. A realidade desfoca-se, esfuma-se, contorce-se. Suplicando que a veja, que a entenda, que a interprete e a viva. Por completo. Com pés na terra, cabeça erguida...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Eu e a minha Máquina, Fevereiro 2009, Museu Colecção Berardo
(Vieira da Silva, Les Anges emportent Kô et Kô, 1933)
De Vieira da Silva a Torres Garcia
Silencio palavras.
O rumor do que se disse não permanece.
O eco do pensamento não se propaga no espaço da intimidade.
À deriva, pairando, as palavras entrelaçam-se e formam correntes.
Que apertam, que aprisionam, que sufocam.
Pairando sobre cabeças cheias, de palavras vazias, de saber amar.

Sinais de outros tempos

Transformação

Redacção

Palavras manuscritas

Palavras dactilografadas

E o cheiro da tinta. E o barulho das teclas. E a tecla que prende, lá no papel. E o erro que se corrige andando para trás, utilizando a fita vermelha. E a campainha que toca quando se chega à margem direita. E o "crc" que ecoa quando empurramos o rolo de volta ao princípio. E os dedos que encaixam nas teclas redondas.

a escrita

que flui

que enche folhas que saem directo do rolo

Lembranças...

Museu Colecção Berardo - A Intuição e a Estrutura, de Vieira da Silva a Torres Garcia


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