Grafia

A Autora deste Blogue optou por manter na sua escrita a grafia anterior ao Novo Acordo Ortográfico.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Loucura


Antecipo o dia em que me dizes que vais voar para longe.
Cerro os lábios até fazer sangue.
Cerro-os para que não deixem que se soltem palavras sem nexo, descontroladas.
Os olhos abrem as defesas e soltam água, infinita.
Enlouqueço por antecipação?
Não, reajo como não hei-de reagir nesse dia vindouro.


Dizes-me que vais voar para longe.
Cansaste-te, precisas do ar que não te consigo dar.
Escancaro a boca num riso idiota. Feio de tão falso.
Gargalho enquanto por dentro morro.
Um riso feito do desespero e do silêncio em que mergulham os abandonados.
Os olhos páram. Fixam-se na imagem de ti e, imóveis, não acompanham o riso da voz.


sonhos.pesadelos.inquietações.mera loucura.

Pensamento Estúpido # 13

Encontrei-me, assim, na Internet!

Detesto as alterações hormonais! Num dia peso x. Dois dias depois peso x+y. Não é uma boa forma de começar o dia...ai não é não! Hoje só vou comer reinetas e sempre quero ver o que dizem amanhã as hormonas quando as puser em cima da balança!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Fios


Descobríamo-nos.
A passos pequenos, a palavras trocadas à medida do que os corações desejavam falar. Queríamos entender o outro lado e partilhar este lado. Do vento, do sol, do viver. Do que sentíamos quando nos juntávamos. Do que pensávamos ter em comum e de tudo o que nos afastava. Descobríamo-nos em Mundos diferentes e gostávamos. A passos pequenos. O que nos uniu dias a fio foi-se desfiando. Em muitas pontas soltas que nos levaram para outros lados. Do vento, do sol, do viver. No centro do novelo fica a vontade de repetir descobertas e dias.

Aos poucos...

Tristeza a preto e branco, encontrada na Internet

A tristeza tem vindo a dissipar-se. Provavelmente não tenho mesmo feitio para permanecer triste durante muito tempo. Continuo a pensar que não há nada como escrever à noite no silêncio e que não posso fazê-lo. As minhas ideias ficam mais soltas. Não há vozes a chamar por mim de minuto a minuto, não sou interrompida e consigo pensar com princípio meio e fim. Continuo a pensar que não é justo. Não há forma de ultrapassar esta barreira. Os meus pensamentos não levam a nada que seja digno de ser escrito. Sinto-me "cortada"...
...mas sou forte e quero ser Feliz, Contente, Sorridente. Avanço. Nos meus pensamentos entra o que eu quiser que entre. Isso ninguém me pode tirar!

Laurear = Vadiar

Eu e a minha Máquina, a laurear no Algarve
Abril 2009


vadiar [va] v.intr. 1 levar vida de vadio; 2 andar de um lado para o outro, sem se fixar; vaguear; 3 não ter ocupação profissional; 4 viver na ociosidade (De vadio + -ar)

Dizem de mim. Que ando sempre a laurear. Reconheço que aprecio cada vez mais o facto de não ter que prestar contas a ninguém, no sentido de não ter horas de entrar e de sair. Horas de almoço. Horas de ir beber um cafezinho à esquina ou de ir fumar um cigarro à entrada do prédio. Se é verdade que há dias em que só saio de casa para as entregas e recolhas de Filhos também não é menos verdade que acordo com um plano de vadiagem na cabeça e só volto a casa quando o dou por terminado.

O dia de hoje estava planeado. Ao planeado ainda fui juntando mais umas coisinhas...o Dia da Mãe, presentes para aniversariantes de Maio, compras de supermercado.

Decidi que quero oferecer às minhas Amigas mais especiais, as que são Mães, um miminho para assinalar a data. Vadeei toda a manhã pelas ruas das redondezas. Entrei em lojas e lojinhas. Mexeriquei, vi preços e desatinei!

Terminei nas compras necessárias, de supermercado.

Estou a ver que amanhã terei de voltar a laurear/vadiar. Não posso deixar as minhas
Amigas do coração sem os seus mimos de Dia da Mãe...

Quando a Escrita começa a ser Criativa!


Escrever. Para quem o faz diariamente e retira desta actividade prazer talvez seja uma recordação muito vaga a forma como se iniciou nesta prática. Provavelmente pensará que escrever é algo inato, natural. As palavras surgem e as mãos apenas se limitam a dar-lhes corpo. Na verdade todos nós fomos ensinados a escrever. Melhor ou pior. À custa de muitos ou de nenhuns erros nos ditados de 5 linhas e de palavras difíceis copiadas no caderno umas dez ou vinte vezes para as fixarmos bem. À custa de cópias feitas em cadernos de duas linhas para ficarmos com uma caligrafia perfeita. Métodos que já não se usam mas que surtiam efeitos reais!

Quando escrevemos, para além de termos que saber utilizar correctamente as palavras e de termos (ou devermos) que saber a grafia correcta, é muito importante o uso da pontuação. Sem pontos, vírgulas, reticências e travessões, a nossa escrita tornar-se-ia um armazém de palavras que dificilmente seria legível e que poderia dar azo a tantas interpretações quantas as pessoas que a lessem.

Actualmente a escrita é já um exercício muito criativo e que foge muitas vezes às regras rígidas que nos foram ensinadas na Instrução Primária. Uma frase nunca deve ser iniciada pela palavra "porque" nem por "E", que também não deve ser utilizado depois de uma vírgula. Os diálogos devem obedecer à regra dos "dois pontos, mudança de linha, travessão".

Se atendermos à escrita dos maiores
mestres da palavra da actualidade, todas estas regras caem por terra. Todas são infringidas e a nossa leitura não fica prejudicada, pelo contrário, aprendemos que há diversas formas de escrever bem.

Isto tudo a propósito do post que está hoje publicado no Blogue da Turma do Mateus e que fala de dois sinais de pontuação recentemente aprendidos - o ponto de exclamação e o ponto de interrogação. É interessante pensar no que nunca pensamos, que sem eles a escrita perderia muito do seu movimento, da sua vivacidade. É interessante tentarmos fazer o exercício de voltar a ter sete ou oito nos e descobrir como a nossa escrita fica diferente se no fim duma frase lhe colocarmos um ponto de interrogação ou um ponto de exclamação. É interessante pensarmos que para formular uma pergunta a arrumação das palavras deve ser feita de forma diferente da que fazemos se quisermos mostrar admiração ou espanto. É nesta altura da aprendizagem da língua que a escrita das crianças começa a ser uma escrita criativa e é de modo embevecido que eu leio as composições que nestes dias chegam no caderno de casa acompanhadas do comentário positivo da Professora e do "nós temos jeito para escrever" do Mano mais velho!

terça-feira, 28 de abril de 2009

Ciúme, sentimento difícil [para quem sente, para quem é objecto dele!]

Ciúme trazido da Internet

ciúme n.m. 1 inveja de alguém que usufrui de uma situação ou de algo que não se possui ou que se desejaria possuir em exclusividade; 2 sentimento de possessividade em relação a algo ou alguém; 3 sentimento gerado pelo desejo de conservar alguém junto de si ou por não conseguir partilhar afectivamente essa pessoa; sentimento gerado pela suspeita da infidelidade de um parceiro [...]

O ciúme, por todas as definições acima enunciadas, é um dos sentimentos humanos mais difíceis de controlar.

Durante a minha infância, graças ao meu feitio ensimesmado, à minha tendência para o isolamento e a dedicação à leitura, sofri deste sentimento em relação ao sucesso que a minha irmã, mais nova do que eu três anos, fazia com todas as pessoas com quem nos relacionávamos. Ela era expansiva, bem disposta, lingrinhas e ágil, uma verdadeira maria-rapaz, o que a tornava mais simpática socialmente. À medida que fui crescendo, este sentimento que era mais de inveja do que propriamente de ciúme, foi-se dissipando e acabou por desaparecer.

Nos meus namoros nunca fui ciumenta, no meu casamento também não. Como se dentro deste tipo de relações a minha auto-confiança fosse tão forte que me protege de qualquer tipo de ciúme. No campo simples, da amizade, a minha auto-confiança esvai-se completamente. Dou por mim a pensar que não sou suficientemente atraente como companhia para uma tarde de conversa ou para um passeio pela cidade. Dou por mim, agora, a ser ciumenta em relação a algumas, poucas, pessoas do meu círculo de amizades. Não é bom. Nem para mim, nem para aqueles de quem tenho ciúmes. Sou crescida e não devia sentir este tipo de sentimentos (passo a cacafonia!).

Hoje, à mesa do lanche, falou-se de relações de amizade e de ciúmes entre amigos. Diziam os miúdos que não conseguiam entender as "birras" e a ciumeira de alguns dos seus amigos. São um grupo que anda junto desde o 1º ano de escolaridade e que está agora a entrar na chamada pré-adolescência. Há miúdos mais "crescidos", miúdos mais "abebezados", miúdos que não estão nem aí para estas confusões e só querem mesmo continuar amigos e a brincar. Expliquei-lhes que ser ciumento é algo que muitas vezes não se consegue controlar e que traz grande sofrimento a quem dele sofre. A eles, os que não sentem ciúme e para quem são normais estas tardes passadas em conjunto sem que haja motivo especial para tal, cabe-lhes não criticarem os amigos ciumentos. Cabe-lhes serem ainda mais Amigos. Explicarem que se juntam porque calhou assim, que estudam, brincam, discutem em conjunto porque são Amigos e serem Amigos em sub-grupos não destrói a Amizade que continua a uni-los e a fazer deles um todo, um Grupo.

Não sei se vão conseguir, mas acredito que alguma coisa do que lhes disse devem reter e se irão lembrar, mesmo que em pequenas doses!

Mais vale prevenir...

Máscaras vindas da Net
Não fui ao México, nem em sonhos, não estive com ninguém que de lá tivesse vindo nos últimos dias. O que é certo é que estou com uma constipação "e pêras". Tenho o nariz a pingar sem descanso, um peso enorme nos olhos, tosse, sede, falta de olfacto. A cabeça também não está a funcionar a 100% e a prova disso é que já estou levantada há horas e ainda não consegui escrever uma linha que me agradasse verdadeiramente.

Pelo sim pelo não, aconselho-vos a usarem uma máscara descartável quando me vierem visitar, não vá o vírus que me afecta já estar tão desenvolvido que consiga propagar-se através dos clicks na Internet!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Um Conselho e uma Palavra de Esperança

Livros trazidos da Net

Já é quase um lugar comum afirmar que as nossas crianças e jovens não leêm. Os Professores queixam-se de que as maiores dificuldades dos alunos não estão apenas na capacidade de estudo e assimilação da matéria dada nas aulas, mas sim na dificuldade de interpretação do que lhes é pedido em fichas de trabalho e testes de avaliação. Quem não lê não adquire a competência do conhecimento da língua, não desenvolve a capacidade de interpretação das palavras e seus significados consoante o contexto em que são utilizadas.

A falta de gosto pela leitura não pode ser apenas uma culpa imputada aos Pais e às Famílias. O poder da comunicação audiovisual é enorme e entra pelas casas dentro desde manhã até à noite. É de simples compreensão, não há que se estar concentrado.

No meu caso concreto, e porque sempre gostei de livros e de ler, desde a primeira gravidez que fui fazendo colecções de livros infantis e depois juvenis, com o intuito de estimular o gosto pela leitura nas minhas crianças. Apesar de estarem habituados a ver-me sempre com um livro na mão e de saberem que ler faz parte da minha vida, os livros nãos os atraem.

Este ano é o último ano lectivo da Catarina no secundário. Já teve que ler Os Maias, A Mensagem. No Verão passado, para se preparar para o que a esperaria no 12º ano, iniciou a leitura do Memorial do Convento. Não lhe foi fácil avançar. Lia e parava. Quando voltava a pegar no livro tinha que ir atrás para conseguir situar-se na história. Já durante este ano lectivo estipulou um plano de leitura que a obrigava a ler um determinado número de páginas por dia. Leu o livro todo (há colegas dela que dizem que só vão ler os resumos!) e gostou. Assim que o terminou, pediu-me que lhe desse A Aparição.

O facto de já ter uma filha a chegar aos 18 e mais três por aí abaixo, dá-me algum à vontade para dar um conselho a todos os que são Pais e Mães. Os livros devem estar presentes na nossa vida e na deles com estatuto de prazer e nunca de obrigação. Aos poucos, a vontade de ler irá aparecendo. É importante que consigamos descobrir qual o tipo de histórias que mais os cativam e que as vamos sugerindo, oferecendo, nunca utilizando o livro como castigo. Se o fizermos, estaremos a adubar uma sementinha que cultivámos enquanto lemos as primeiras histórias de encantar e que irá germinar sem que quase nos apercebamos de tal.

Sigam o meu conselho e acreditem que os dias de leitura irão chegar!

Pensamento Estúpido # 12


Porque é que há blogues que têm 26 pessoas online e o meu só tem 2? Lá porque tenho sono e não fui capaz de resistir à febre de limpeza e arrumação isso não quer dizer que não mereça também muitos online e muitos comentários, ou quer?

Plano não Cumprido

Dona de Casa prendada, encontrada na NET

Plano inicial: meter-me no comboio e "pouca terra, pouca terra" até Lisboa. Um passeio pela Baixa Pombalina e redondezas, algumas fotografias, almoço, conversa.

O fim de semana foi agitado e sem muita dedicação às tarefas domésticas o que resultou num cancelamento do Plano inicial. Comecei bem cedo. Avental, pano do pó, aspirador. Limpei, limpei, carreguei móveis escada acima, carreguei lixo escada abaixo. Mudei a arrumação da sala. Não consegui fazer tudo, tudo, mas dei um grande avanço à confusão que o fim de semana provocou.

A tarde está a chegar à sua hora crítica. A hora em que é preciso ir recolher os meninos, ouvir com atenção tudo o que têm para dizer e contar, chegar a casa e continuar a labuta, desta feita a preparação da janta.

Estou constipada e cheia de sono. Não me apetece nada...só dormir...mas não posso...tenho que ir...

domingo, 26 de abril de 2009

Código Genético

DNA trazido da Internet

O que faz de cada um de nós a pessoa que somos? Será que somos só porque duas pessoas nos transmitiram os seus códigos genéticos, dando origem a um outro que nos caracteriza e distingue de qualquer ser humano? Será que somos porque o nosso código genético tem a capacidade de ir adquirindo "ensinamentos" e outros códigos e formando um novo código? Até que ponto é que temos capacidade de influenciar o nosso código genético, levando à sua modificação no que concerne a capacidades intelectuais, a formas de estar e pensar a vida? O nosso destino, estará ele efectivamente nas nossas mãos ou não passamos de meros passageiros embarcados num código genético superior?


Velharias

Velharias encontradas na Net

Sei que as modernas tendências de mobiliário e decoração apontam para objectos simples e para casas onde só entre o essencial. Reconheço que as casas ficam mais "clean" e que me agrada ver, mas não consigo cumprir estas regras de simplicidade na minha casa. Nunca consegui. Desde sempre, as minhas casas foram casas mobiladas e decoradas com móveis herdados, vindos de casas de Avós, Pais ou Tios. Combinando peças de mobliário centenárias com elementos de decoração mais modernos, em casa, como no vestuário, nunca fomos, nem nunca seremos, "doentes pela moda". Houve até quem dissesse, há uns anos atrás, que não conhecia uma casa com tantos móveis por metro quadrado...
A Família foi crescendo e a necessidade de espaço também. Temos andado de casa em casa e os móveis sempre atrás de nós. Não conseguimos desfazer-nos de nada!
Como se as heranças não nos bastassem, ainda damos por nós sempre atentos ao que outros vão largando perto de contentores de lixo. Já temos conseguido belas peças que, para outros, deixaram de ter interesse! As feiras de velharias e lojas de 2ª mão são outra tentação quase irresistível.
A nossa manhã de hoje passou por uma destas Feiras, em Carcavelos. Tivemos de voltar lá à tarde para recolher as peças que nos puseram com água na boca. Lindas!
As minhas escolhas recaíram sobre livros em 2ª mão, a cinquenta cêntimos! Não pude resistir e não consegui deixar de sorrir quando, naquele monte de livros do tempo da "maria cachucha", reconheci capas de livros dos meus tempos de estudante do secundário! Não os trouxe...mas apeteceu-me!

Mimo...


Estou a sentir-me adoentada. Constipada. Dói-me a garganta. Ou será que estou só a sentir saudades do tempo em que havia alguém que me abafava, dava o remédio, mimava e não me deixava levantar do quentinho? Se calhar é isso...

sábado, 25 de abril de 2009

25 de Abril

Esta é uma das músicas da minha Vida.

Sem sombra de dúvida, sem hesitação. Lembro-me de mim com nove anos, a cantá-la e a ficar sem ar para conseguir dizer as palavras todas até ao fim e não consigo deixar de me emocionar de cada vez que a oiço e de ficar toda arrepiada.

O dia de hoje é Tão especial. Sobre as memórias que dele tenho já falei, no ano passado, no post que lhe dediquei. Este vai ser sempre um dia que a minha memória guardará como um dos mais felizes da minha Vida e um dos que me trouxe mais dor, vinte e três anos depois. No entanto, a dor nunca tirará o sabor da alegria com que vivi o dia dos cravos e das canções revolucionárias que cantei durante muito tempo. A dor não me tirará nunca a memória feliz de manifestações de rua e festas do 1º de Maio coladas à casa onde vivi enquanto solteira. A minha dor, interior, pacífica, que vive comigo há doze anos, é uma dor feita de saudade e de sentimento de perda, mas também é uma dor que me faz acreditar num outro tempo, numa outra dimensão, de onde tudo se pode ver, de onde se pode proteger quem ainda vive.

Hoje festejo sem qualquer tipo de pejo o 25 de Abril de 1974. Festejo-o porque sei que foi ele que me permitiu fazer muitas das coisas que já fiz, que me permite estar a escrever o que me apetece e ver publicado, que me permite ler tantos e tão diferentes autores. Para mim, este dia é sempre um dia especial.

25 de Abril



Este livro faz-me companhia, na minha secretária, dia após dia. Hoje tem mais significado a sua presença aqui, à minha frente, à esquerda do écran.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Leituras # [6]



Vou lançar-me sobre este.
De olhos bem abertos e com a ajuda dos meus óculos. Espero que a minha visão do Mundo mude para sempre!
Irei dando notícias do exercício de leitura.

Essência de Mim # [2]

Eu e a minha Máquina, Jardim da Gulbenkian, Abril 2009

Não me prometam, nunca, o que não me podem dar.
Prometam-me a atenção dos verdadeiros amigos,
a sensibilidade dos verdadeiros seres humanos,
o conforto e a ternura dos que são capazes de amar de verdade sem temerem o comentário alheio.
De pouco necessito.
Ou talvez necessite de muito e
Pouco peça.
Sei que espero, sempre, muito.

Leituras # [5]


No seu post de ontem, a Fada perguntava o que é cada um de nós está a ler. Não consegui responder, o meu computador decidiu encravar de cada vez que tentei fazê-lo, mas penso que ela não ficará aborrecida por ver a resposta na minha página.

Tomei conhecimento deste livro no blogue do João Tordo. Assim que consegui, comprei-o. Iniciei a sua leitura no passado sábado e estou a cinco páginas de o terminar. É um livro fantástico, escrito na primeira pessoa pela mão de Miguel Real como se fosse ele a voz de Snu Abecassis, onde ao longo de 125 brevíssimas páginas é traçado um retrato da sociedade portuguesa antes e pós 25 de Abril. A Guerra Colonial e a posição da Mulher na sociedade portuguesa são duas das mais fortes tónicas pré 25 de Abril. No pós 25 de Abril, é interessante observar como as preocupações demonstradas pelo homem que chefiava o governo na altura são tão idênticas às dos dias de hoje, 35 anos após a revolução:

"[...]cinco escudos de aumento num produto significa dois milhões de velhos pobres proibidos de o comprarem, uma taxa de pagamento nos hospitais públicos significa a impossibilidade de centenas de milhares de mulheres reformadas de acederem às consultas, o encerramento de uma maternidade sacrifica milhares de mulheres trabalhadoras, o fecho de uma escola o apagamento do único foco cultural de uma aldeia, [...], o Estado tinha o dever de amparar viúvas, órfãos e reformados pobres [...]"

Se puderem, leiam!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Yes, I was rude. I'm sorry...

Colhido no jardim da Net

Tenho o coração ao pé da boca. Defeito? Qualidade? É difícil avaliar até que ponto é bom não guardar dentro de mim o que a cabeça pensa em determinadas ocasiões. Fui muitas vezes acusada de ser "bruta" durante a minha juventude. Geralmente as palavras inoportunas eram dirigidas à minha Avó Materna, pessoa por quem eu continuo a sentir um afecto imenso apesar de já ter desaparecido da minha vida há doze anos (parece que foi ontem!). A idade tem-me ajudado a limar esta aresta de mim, mas volta não volta lá sai a palavra disparada, lá vai ela direitinha ao coração de alguém provocar estragos. Hoje, logo pela manhã, tive uma destas saídas infelizes. Muito infeliz mesmo. Uma resposta muito feia a uma pessoa que não merece estas minhas atitudes. Primeiro porque é uma pessoa que eu admiro muito, depois porque tem sido uma Amiga muito especial, depois porque eu gosto tanto dela. Pedi desculpa...mas todo o dia pensei na minha atitude. Queria pôr aqui um texto bonito de desculpas. Algo literário, escrito por umas mãos que tenham sido comandadas por um cérebro menos repentista do que o meu. Não consegui ter tempo para procurar, não quis adiar mais. Que todas estas palavras juntas sirvam de pedido de desculpa sincero e sentido. Que todas elas te lembrem que eu sou assim, porque sim. Que todas elas consigam juntar-se e sarar a ferida que as outras disparadas e disparatadas fizeram dentro de ti.
I was very rude. I'm so sorry

Os Dias Longos

Eu e a minha Máquina, S. Pedro do Estoril

Os dias estão a ficar com o tamanho que eu gosto. Grandes. Cheios de sol, com luz e calorzinho até tarde. Quando vou fazer a última recolha do dia não resisto a deixar que se estique o tempo de brincadeira antes de rumar a casa. É bom ver os "caganitos" a sair da Escola quando os dias estão assim. As mochilas são largadas dentro dos porta-bagagens, são dados beijinhos impregnados do cheiro característico de fim de dia de escola e dá-se início à brincadeira. Saltam à corda, jogam à bola, fazem os jogos de palmas. As Mães aproveitam e poêm a conversa em dia. Ninguém parece ter pressa nem vontade de ir para casa. É tão bom!

Dia de Hoje

Um dos sítios onde os livros repousam, cá em casa!

Se me perguntarem qual é o meu dia preferido nos 365 que o ano tem, não hesitarei em responder que é o dia dos meus anos. Sou como os miúdos, conto os dias até lá chegar e quando chego passo o dia em grande animação, porque gosto mesmo de fazer anos. Tirando este, há depois outros que me fazem sentir estar a viver um dia especial. O dia de hoje é um desses dias especiais!

Hoje é o Dia Mundial do Livro. Neste dia nasceu e morreu William Shakespeare, faleceu Cervantes. Para quem gosta de ler, para quem gosta de livros, comemorar a existência do objecto amado é uma festa!

Para mim é uma festa. Os livros fazem parte da minha existência desde muito cedo. As minhas memórias de mim não são muitas, mas as que existem vêm sempre com um livro na mão. Criada no meio de livros, ler foi sempre um prazer e nunca uma imposição. Li muita coisa e tenho pena de não ter tido conhecimento de outros livros mais cedo, na minha vida. Se isso tivesse acontecido talvez a minha história fosse, hoje, diferente.

Não sei viver sem ler. Preciso da companhia das mil e uma palavras encerradas à solta dentro de cada livro que escolho para fazer parte da minha história de vida.

Não tenho livros sempre presentes na mesa de cabeceira, mas tenho alguns sempre presentes na minha memória. De cada vez que os olho, nas prateleiras, pasmo com a capacidade que tenho de olhar cada lombada e recordar o que li. Nunca fui compradora de top's pela simples razão de que comprar um livro não é um mero acto de gastar dinheiro. Para mim, comprar um livro é um acto de paixão. É passear pelos corredores e pelas estantes. Admirar capas e títulos. Ler sinopses e contracapas. Desfolhar, abrir ao calhas e ler, fora do contexto de todo o livro. Apaixonar-me por livros é fácil, é uma característica minha da qual me orgulho, muito. Quem lê conhece as palavras e quem conhece as palavras descobre conceitos e exercita o pensamento. Eu gosto de pensar, mesmo quando é doloroso fazê-lo.

Tenho, habitualmente, muitos livros para ler. Autores diversos, temas diversos, em repouso na prateleira. Não esperam pela sua vez, existem, têm uma vida própria e no devido tempo entram na minha vida. Todos eles fazem e farão parte de uma história que é a minha. Que vai sendo construída com muitas palavras, com muitos conceitos, para os quais todos os meus livros contribuem. Já não leio mais do que um livro ao mesmo tempo. O tempo de que actualmente disponho para ler é muito mais que escasso e essa escassez obriga a que me dedique em exclusividade a uma só paixão de cada vez!

A minha lista de "livros a comprar", feita em Excel com todas as informações próprias de uma base de dados profissional, na qual se inclui o preço, não pára de crescer. (Já pensei em fazer um seguro dos meus livros, mas será que alguém viria cá para roubar livros? Já fui assaltada uma vez e nenhum desapareceu!). Não me assusta este crescimento desenfreado. É sinal de que estou atenta, de que continuo capaz de me apaixonar pelas palavras de outros.

Assusta-me o preço dos livros. Assusta-me pensar que os livros continuam a ser um bem supérfluo para muitas pessoas, para cada vez mais pessoas. Não tenho conhecimentos para discutir a política editorial mas considero que deveria ser repensado o preço dos livros que deviam ter um estatuto de indispensáveis e não supérfluos na vida de cada um de nós. Queixamo-nos de que a população consome pouca leitura, de que os jovens não leêm, mas não se criam incentivos que invertam esta tendência!

O post vai longo, mas falar sobre livros poderia ocupar-me um dia inteiro! Para todos vocês, que leêm, que escrevem, que têm a capacidade de se apaixonar pelas palavras de outros, desejos de um Dia Mundial do Livro repleto de páginas!

Boas Leituras resultam em Boas Escritas.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Lanche Surpresa!

O Pão cá de casa

Continuo à espera do telefonema que me diga que vou ter o meu carro de volta. Hoje fiquei mesmo apeada. Ainda não sei muito bem como vou resolver as recolhas de final de dia mais a ida a uma reunião de notas no Liceu...

Decidi aromatizar a casa para enxotar as más energias. Daqui a quinze minutos estará na mesa um belo pão com sementes de abóbora e sésamo, um bolo de chocolate e um sumo de laranja cheio de gelo. Para quem está e para quem vai chegar da escola.

Uns mimos de vez em quando não fazem mal a ninguém, certo?

Na sombra, esperando o Futuro

Eu e a minha Máquina, pelos caminhos de Portugal, Abril 2009

Sento-me na sombra dos dias e peço-lhes que passem rápido. O mais rápido que puderem. Quero chegar a outra parte da minha história porque esta me sufoca e tenho a certeza de que algures, no futuro, existem dias cheios de bem estar que me esperam ansiosamente. Que importa se o passar do tempo me faz mais velha? Também as árvores duram anos e anos e mantêm a sua capacidade de dar folha, de dar frutos, de oferecer sombra a quem as procura para descansar do calor do sol. Sim, eu sei que não perderei toda a minha capacidade de sorrir, de dar, de amar, mas preciso de encontrar a minha paz que está perdida num cosmos que de repente se virou de cabeça para baixo e deixou tudo na maior confusão. Não sou boa em puzzles e deve ser por isso que está a custar-me tanto resolver esta embrulhada de sentimentos que se misturam e se contradizem dentro de mim. Até agora a vida tem sido boa para mim. Acredito que numa outra dimensão existe alguém que me protege e estas duas certezas fazem-me acreditar que vou conseguir. Que o tempo vai acelerar para me fazer chegar rápido a um futuro menos cinzento do que o presente...

Gosto de Ti

Eu e a minha Máquina,
Arame e mãos da minha Filha

Quando sofremos deveríamos ser capazes de esconder esse sofrimento. Ainda mais se temos por perto pessoas que de nós dependem e a quem o nosso sofrimento pode fazer muito mal, pode deixar recordações que não merecem esse nome, pode causar-lhes sofrimento. nem sempre a humanidade que nos caracteriza tem esse poder de dissimulação, de "fazer de conta" que está tudo bem.

Esta frase simples, desenhada por mãos hábeis e coração sentido em arame durante uma aula, encerra em si toda a cumplicidade e força de que preciso para continuar em frente.

Por eles. Por mim.

Eu também Gosto de Ti!

Meti-me num 31 e trouxe isto comigo:



You Are a Philosopher



You're incredibly introverted and introspective. You live inside your head.

You spend a lot of alone time meditating and thinking.

People see you as withdrawn, and at times they are right.

You are caring and deep, but it may be difficult for you to show this side of yourself.

Your strength: Your original approach to thinking

Your weakness: You tend to shy away from others

Your power color: Pale blue

Your power symbol: Wavy line

Your power month: July

Esta Música não me sai da Cabeça

terça-feira, 21 de abril de 2009

A propósito de Solidão

Nietzsche encontrado na Net


"Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer a verdadeira companhia".

O Tempo da Vida # [1]


Só para vos dizer que valeu a pena. Alimentar a alma é sempre bom. Quando a esse alimento se alia a qualidade de quem nos alimenta, então, tudo fica mais brilhante. Foram muitas as palavras ditas, os conceitos analisados, as questões (quase metafísicas) que se largaram no ar para que fossem pensadas por um auditório apinhado de pessoas. Na sua maioria mulheres, na sua maioria maiores de 50 anos. Este Fórum "O Tempo da Vida", tem precisamente por objectivo conversar e reflectir sobre o ocaso da vida, como lhe chamou o Professor João Lobo Antunes. O dia de hoje, dedicado a temáticas tão interessantes como a Pobreza e a Solidão, teve e terá "pano" para muita dúvida, para muito desassossego nas cabeças de quem estiver para ouvir com atenção e com disponibilidade para pensar.
Voltarei a falar sobre ele. Muitas questões nasceram no meu espírito, já de si tão desassossegado face à desigualdade, à violência e sobre elas irei gostar de dissertar relembrando os meus tempos de estudante de Filosofia.
Foi bom. E bonito.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

De Amor e outros Mistérios


"Quem amamos quando amamos?
Saberemos alguma vez quem é o ser amado?
O amor partilhado não será afinal um feliz mal-entendido?"


Excerto de Sinopse da peça
em cena no Teatro da Comuna

O Tempo da Vida


Vai decorrer amanhã, na Fundação Calouste Gulbenkian, entre as 09:30 e as 17:30.
Vou estar.

Sem o Meu Carro...


Foi hoje para a revisão.
Não sei quando volta.
Para além de andar a conduzir um carro normal, pequeno,
não posso transportar todos os que costumam ter lugar cativo
no Mummy's Car...

Pensamento Estúpido # 11


Descobri que já não me sai tão bem o que sai da ponta de um lápis ou de uma caneta para o papel. O branco do blogger é mais inspirador e o toque dos dedos nas teclas muito mais agradável. Tenho que reverter esta tendência!

O difícil, nesta vida, é ser simples



Domingo. Oito e meia da noite. A cozinha cheia de sacos e compras para arrumar. Os miúdos para jantar e enfiar na cama que amanhã é segunda feira e têm que se levantar cedo. Tocam à campainha. Quem será a estas horas? A um domingo? Deve ser um amigo do Pai, já cá veio há bocado quando vocês foram ao supermercado. Vai lá tu. Era mesmo ele. Vim beber café convosco. Oh...ainda nem jantámos. Não faz mal. Faço-vos companhia, olho, eu já jantei. Continuação da lufa-lufa na cozinha. Arrumação das compras, terminada. Sacos pendurados atrás da porta da cozinha. Bimbys a trabalhar, sopa numa, bechamel noutra. Forno. E a conversa a acontecer. Tudo e nada. Ah, estou sozinho outra vez. O teu marido já te disse? Que sim, já me tinha contado. Então? Eh pá, não sei...não consigo atinar, não consigo ser feliz...faz-me pena a miúda. Sinto a falta. Também sinto a falta dela. Tenho mesmo pena, mas foi ela que se foi embora.

A conversa transferiu-se da cozinha para a mesa da casa de jantar. O jantar a decorrer.

Vá meninos, lavar dentes e ir para a cama, hoje já é bastante tarde. Bolas...isto aqui em casa funciona mesmo, parece militar! Tem de ser. São muitos, há que haver disciplina.

Continuámos noite fora, até às três da matina. Revisitando memórias comuns que nos lembram há quantos anos nos conhecemos, 23. Ouvindo desabafos, fazendo pouco mais do que ouvir, porque é para isso que servem os Amigos quando os procuramos em momentos de crise. Para nos ouvirem e "darem colo". Eu a ouvi-lo e a não conseguir ser racional. A sentir pena daquele homem, mais velho que eu uns aninhos, Pai de jovens adultos e de uma criança pequena, a pedir atenção e conforto. A pedir companhia de quem conhece há tantos anos porque se sente só, ao fim do dia quando chega a casa e encontra vazia uma casa que já foi tão cheia. Eu a ouvi-lo e a pensar nas palavras que oiço da boca dele "O difícil, nesta vida, é ser simples", e a pensar porque razão é os seres humanos são tão complexos nas suas relações. Tão exigentes consigo próprios e, ao mesmo tempo, tão inseguros, tão independentes e tão necessitados de atenção.

Porque razão não podemos ser simplesmente F e l i z e s ?

domingo, 19 de abril de 2009

No lago


Jardins da Gulbenkian, Hoje

Existem princesas,
cor-de-rosa, brancas,
lindas e sorridentes...

Jardins da Gulbenkian, Hoje

E príncipes,

que as olham, de longe,

esperando o feitiço que lhes devolva a beleza,

para que as possam conquistar!

um Lugar ao Sol

Eu e a minha Máquina, hoje na Gulbenkian, Darwin

Mr. Darwin gostaria,
com certeza,
de observar e de estudar este povo que
busca sempre um lugar ao Sol!

Beagle

Eu e a minha Máquina, hoje na Gulbenkian, Darwin

Para ti, Kat!

Travessa da Arrábida

A minha Máquina noutras Mãos, Lisboa

Regresso à minha cidade. Num dia cinzento e cheio de pequenas gotas de chuva, parecem cabeças de alfinete a cair do céu. Nem mesmo isto me faz desgostar de uma cidade de ruas estreitas, forradas de paralelepípedos escuros e escorregadios. Aconchego-me numa casa própria de quem vive só, rodeado de ideias, livros, pintura, desenhos e música. Abstenho-me. Abro as portadas de madeira e detenho-me no verde das árvores através dos vidros. Ignoro o frio, a humidade, o desconforto. Abro a janela e embrenho-me na paisagem e no corpo da cidade. Não há ruído. Apenas o ping ping da chuva que me sossega o espírito, como se conseguisse com aquele som repetido lavar-me os pensamentos, arrastá-los numa corrente, levá-los para longe de mim. Como se os afogasse. Quase os vejo a pedirem-me que os socorra, que não os deixe ir nestas gotas de água demasiado poderosas. Impeço-me de lhes obedecer. Resisto-lhes. Peço-me a mim mesma que os abandone e deixo-me fascinar pela sensação agradável do vazio. Instalada numa solidão boa, diferente da minha solidão diária acompanhada. Agrada-me a sensação de ser capaz de gerir a solidão absoluta, o viver individual. Acompanha-me o som das vozes que debatem ideias, conceitos, pensamentos. Também eles me aconchegam e, de repente, percebo o quanto me fazem falta. O quanto me agrada o estudo do pensamento de outros. Percebo que preciso desesperadamente de fazer parte do Mundo!

sábado, 18 de abril de 2009

Snu



Porque foste na vida
A última esperança
Encontrar-te me fez criança
Porque já eras meu
Sem eu saber sequer
Porque és o meu homem
E eu tua mulher.

Porque tu me chegaste
Sem me dizer que vinhas
E tuas mãos foram minhas com calma
Porque foste em minh'alma
Como um amanhecer
Porque foste o que tinha de ser.


Assim começa este livro de Miguel Real, com um "poema de Vinicius de Moraes encontrado manuscrito, em papel de pétala de rosa, num bolsinho interior da mala chamuscada de S., pela Polícia de Investigação Criminal, após a queda da avioneta em que viajava para o Porto." Comecei a lê-lo, hoje.

High-level

Desenho de Álvaro Cunhal


"És muito crítica contigo própria. Defines sempre um patamar muito alto"

Sim. Não gosto de fazer coisas mal feitas nem de deixar coisas a meio. Quando deito a mão a alguma tarefa tenho que ter a certeza que a faço Muito bem feita. Daí tanto descontentamento, sempre.

Uma Imperial e um Chá de Limão













Pedido feito ao balcão, "leva-me à mesa, sff?"
Engraçado observar a quem é dado o quê.
Engraçado observar que o pedido foi entregue precisamente às pessoas erradas! Será que há um aspecto típico de bebedor de jola e um aspecto típico de bebedor de chá?

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Contrastes

Hoje o Vermelho não me aquece,
não me incendeia,
não me apaixona

Hoje o Preto não é suficiente
para vestir o silêncio
com o qual me calo

Palavras Soltas

Tronco de árvore vindo daqui

Chuva
Frio
Cinzento
Preguiça
Silêncio
Sono
Desejo
talvez vença a preguiça
e
as junte
e escreva algo com elas

Habitação

Veio da Net, achei-a bonita!

habito-me. na escuridão dos quartos, na luminosidade das salas, na frescura do exterior. habito-me e revivo-me. procuro-me no turbilhão das ideias e na alegria das palavras e sorrisos que ainda tenho para partilhar. com quem me encontro. a mim, talvez nunca me encontre. talvez já me tenha perdido, algures, nesta habitação. e não consiga reencontrar-me. se me perdi, não sei em que momento. se me encontrar, não sei se me reconheço. habito-me e habituo-me a este desencontro de mim. sem mágoas nem queixumes. apenas com a sensação de ter perdido o que me guiava, de ter perdido o sentido único em que seguia. habito-me só. na solidão a que me imponho, no convívio a que me permito. habito-me só entre muitos. e não me apetece. tanta coisa.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Simplicidade # [1]

Dualidade vinda Daqui

És tão simples e tão complexa...


Ando a pensar nesta frase deixada na minha caixa de comentários desde que a li.

Quando me penso penso-me normal, na realidade muito normal. Sem nenhum atributo ou característica especial que me faça sobressair num grupo de pessoas da minha idade.

Casada porque quis, mãe de filhos porque quis e quando quis, stay-home mother porque achei ser a melhor opção para acompanhar os meus filhos enquanto de mim precisassem, condutora, "dona" de uma casa a meias com uma instituição bancária, dona de um carro em segunda mão, sem empregada, a fazer contas aos cêntimos que se têm de gastar...nada de extraordinário, certo?

Mas depois, há aquele meu lado que me faz pensar se não serei dona de uma dupla personalidade, já que tantas vezes penso em mim como duas pessoas diferentes.

Cabeça sempre a mil; desejosa de cumprir mil e um projectos para os quais sei não conseguir ter tempo; sempre com a esperança de que o futuro me vai trazer surpresas agradáveis e portanto vale a pena ir passando os dias que não são tão agradáveis; sempre ansiosa pelos pequeninos momentos que tenho só para mim, para estar com pessoas de quem GOSTO realmente e não com as pessoas com quem TENHO de estar; sempre com uma sensação de insatisfação que não vem da falta de euros para gastar ou da opção tomada há já quase 10 anos, mas vem lá do fundo do meu Eu insatisfeito...

Chego à conclusão de que sou de uma simplicidade muito complexa.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Falta de Assiduidade


Passo a explicar. O tempo dedicado ao meu blogue e à leitura dos dos vizinhos diminuíu. Não estranhem se começarem a notar a minha ausência nas caixas de comentários. Vou continuar a tentar ler todos os que tenho nos links, como tenho feito até aqui, mas não prometo conseguir comentar...

Quanto ao Vekiki, vou tentar continuar a escrever com qualidade. Durante o dia, que é quando menos gosto de escrever. Sou apologista do título que carrego comigo "Escrever enquanto todos dormem", mas não posso continuar a fazê-lo. O vosso feed back passou a ser mais importante relativamente à qualidade das minhas palavras escritas.

Obrigada.

existimos em

siLênCio

Reflexões # [1] ... embaraçadas ...

Capa vinda daqui
Livro essencial para quem queira perceber o que é uma Musa

Pego no calhamaço de capa laranja, entenda-se dicionário. Folheio-o distraidamente. Na verdade, só me apetece olhar e não ver. Propositadamente, tal como o uso dos advérbios em escassas duas linhas de texto. Não procuro nada. Desejo que uma das muitas palavras arrumadinhas neste livro especial me salte à vista. Se enfie pelos meus olhos dentro e me provoque, de tal forma que eu me sinta obrigada a escrevê-la, a lê-la com olhos de ver, a entender o seu significado e a arrumá-lo nas gavetas arrumadinhas do meu cérebro. Chegada a este ponto encravo na escrita. Não consigo desembaraçar os estímulos eléctricos que se traduzem em ideias, pensamentos e palavras...o melhor é deixar-me estar. Quieta. Quanto mais me mexer, mais irei embaraçar estes fios, já de si tão embaraçados, e entorpecer qualquer pensamento que possa querer irromper dos meus neurónios cinzentos. Quer dizer, não sei se os neurónios são cinzentos ou se têm, sequer, cor...isto hoje não está a correr nada bem...


"Este é um dos segredos mais bem guardados da história da inspiração:
Todas as musas, confusas ou não, são analfabetas, não sabem ler nem escrever e é por isso que precisam dos poetas, e os perseguem inconscientemente, constantemente! (Mas elas não sabem disto, claro, caso contrário não seria inconsciente.)
Ah! Outro segredo:
Todos os poetas devem apaixonar-se perdidamente e morrer de amores pelas suas musas, mas o contrário nunca, NUNCA, NUNCA, NUNCA pode acontecer. O amor deve manter-se impossível e consequentemente eterno. (Mas as musas também não sabem disto, e é esta a sua maldição!)"

Odília ou a história das musas confusas do cérebro de
patrícia portela,
caminho o campo da palavra, 2007

Reflexões

Leonardo da Vinci, sketch hands

Dou por mim parada. Consciente de tudo o que me espera,
tudo à espera das minhas mãos para ser ordenado,
e eu parada.

Frente a frente comigo.
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