As questões ligadas à educação são questões que me interessam sobremaneira. A educação tornou-se a minha principal preocupação a partir do momento em que deixei de ser Vera para ser "a Mãe de...". Enquanto trabalhei tive os meus filhos num Colégio. Eu saía cedo de casa, voltava tarde, as escolas públicas ainda não tinham prolongamento de horário nem as AEC's e eu não tinha suporte familiar que me permitisse optar pelo público que foi sempre o meu ideal de educação.
Quando tomámos a decisão de me transformar em Mãe a tempo inteiro, a primeira despesa que abolimos foi a do Colégio. Não fazia sentido continuar a pagar por um ensino que tinha alternativa no sistema público. Os mais velhos foram para uma Escola oficial (4º e 1º ano) e o mais novo, na altura, com um ano e meio, ficou comigo em casa até aos três anos, tendo depois ingressado num Jardim de Infância Público. O mesmo aconteceu quando chegou a vez do quarto ir para a Escola.
Neste momento, todos os meus Filhos estão em escolas públicas e é grande a experiência que tenho e o conhecimento de causa com que falo e escrevo quando este assunto vem à baila.
Continuo a querer acreditar, por uma questão de princípios e de forma de estar na vida, que o ensino público é o caminho certo, mas interiormente, cada vez mais, penso que há muito a mudar nos estabelecimentos de ensino do estado.
As questões disciplinares são cada vez mais complicadas. Os alunos, hoje em dia, não respeitam a autoridade do professor como se respeitava na altura em que fui estudante. O tempo que um professor leva a conseguir iniciar uma aula é desesperante e, se tivermos em conta que um tempo de aula corresponde a 45 minutos, quando consegue ter todos os alunos sentados e prontos a trabalhar já tem quase metade do tempo de aula gasto nesta tarefa. Os professores, por se dizerem sobrecarregados com mil tarefas de índole burocrática, estão cada vez menos disponíveis para dinamizar nas escolas actividades extra-curriculares que prendam os alunos à escola. Resultado, temos estabelecimentos de ensino cheios de alunos que vão à escola por frete e obrigação e professores que só querem é conseguir dar as suas aulas e cumprir programas cada ano mais extensos.
Do outro lado estão os Pais. Com vidas cada vez mais complicadas e cheias de tarefas, com cada vez menos tempo de qualidade para os seus filhos. Carreiras ou simplesmente a manutenção de postos de trabalho fazem-nos perder a infância e a juventude dos seus descendentes. As Associações de Pais veêm-se e desejam-se para conseguir ter pessoas activas e disponíveis.
Nas escolas públicas dos nossos dias há muito trabalho para fazer mas que só poderá realmente ser feito de forma a defender os interesses dos alunos, dos professores e dos encarregados de educação, se todos se compenetrarem de que em conjunto formam uma comunidade educativa e que uma comunidade é um conjunto de pessoas que trabalham todas para um objectivo comum. Não se pode continuar a atirar culpas de pais para professores e vice-versa. Alguns Pais são Professores. Muitos Professores são Pais. O que nos move a todos são objectivos claros e comuns - dar uma boa instrução (porque a educação deve ser dada em casa, pelas Famílias), preparar pessoas civicamente activas, proporcionar um bom ambiente de trabalho e de estudo.
Para quando uma efectiva conjugação de interesses e esforços?
Eu sou optimista e continuo a trabalhar para atingir estes objectivos.